Glossário das letras I à P

Existe algum termo que você não tem certeza do significado? Pesquise por um termo específico na barra de pesquisa ou pesquise pela primeira letra da palavra para encontrar uma definição simples e curta para deixar você alinhado com a linguagem das políticas de gênero e clima!


I


Interseccionalidade

Uma maneira simples mas eficiente de começar a entender a interseccionalidade é a expressão “uma coisa não exclui a outra”. Existem inúmeras formas de interseção de questões como raça, classe, gênero, identidade sexual e uma série de outras categorizações sociais. A teoria da interseccionalidade - criada pela ativista feminista Kimberlé Crenshaw nos anos 80 - propõe que preconceitos não existem de forma independente de um atributo ou característica, mas que é a combinação de identificadores que podem colocar uma pessoa em desvantagem. Compreender a interseccionalidade é essencial para combater os preconceitos existentes que as pessoas enfrentam diariamente. Para integrar a interseccionalidade de forma completa na nossa visão das questões, devemos reconhecer os diversos sistemas de desigualdade que interagem entre si e perpetuam marginalizações enraizadas, aprender a comunicar sobre as diferentes questões, reconhecer nossas diferenças, buscar outros pontos de vista e participar de causas que beneficiam o bem comum social.


Igualdade de Gênero

A igualdade de gênero é um direito humano fundamental que garante o acesso equitativo a educação de qualidade, saúde, recursos econômicos, participação política e posições de liderança na tomada de decisões, tanto para homens como para mulheres. No entanto, alcançar a igualdade de gênero e capacitar as mulheres ainda é um grande desafio nos dias atuais. A discriminação contra as mulheres persiste em muitas partes do mundo, incluindo leis, normas e práticas sociais. Promover a igualdade de gênero significa garantir direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres em todo o mundo.


J


Justiça Climática

A Justiça Climática analisa a crise climática por meio da perspectiva dos direitos humanos e defende uma mudança de foco, passando de um discurso centrado apenas nas emissões de gases de efeito estufa e no derretimento das calotas polares para um movimento de direitos civis, com ênfase nas pessoas e comunidades mais vulneráveis aos impactos climáticos. Reconhece-se que esses impactos afetam todos os seres humanos, independentemente de distinções. No entanto, a distribuição desses impactos, em termos de frequência e intensidade, revela uma realidade completamente oposta: observa-se que a maioria dos riscos recai sobre populações vulneráveis e marginalizadas, como mulheres, negros, indígenas, entre outros. A Justiça Climática pressupõe o direito de todas as pessoas a um ambiente seguro, saudável e produtivo, que possa ser desfrutado de forma livre, preservando, respeitando e promovendo as identidades individuais e coletivas, bem como a dignidade e autonomia dos povos.


Justiça Racial

Também conhecida como “equidade racial”, é o tratamento justo sistemático de pessoas de todas as raças, resultando em oportunidades e resultados iguais para todos. Justiça racial não é só limitada à ausência de discriminação, mas à presença de sistemas e suportes que auxiliam a alcançar e manter a justiça racial através de medidas protetivas e preventivas. Governos e comunidades devem trabalhar juntos para assegurar instituições justas que possam acomodar pessoas de diferentes condições.


M


Migração Ambiental

A migração ambiental é o processo associado ao movimento de pessoas em antecipação ou adaptação aos impactos ambientais e climáticos. Eventos extremos, como ciclones, enchentes ou incêndios florestais, destroem casas e contribuem para o deslocamento de pessoas. Além disso, o aumento do nível do mar, as secas ou as chuvas extremas estão aumentando as pressões sobre os meios de subsistência e comprometendo o acesso a alimentos e água, o que leva à decisão de se mudar em busca de melhores condições de vida e acesso a recursos.


Mitigação das Mudanças Climáticas

A mitigação das mudanças climáticas tem como foco a adoção de novas práticas e tecnologias com o objetivo de reduzir e evitar a emissão de gases de efeito estufa. Esses esforços podem incluir a implementação de tecnologias atualizadas, melhores práticas de gestão ecológica e mudanças no comportamento do consumidor. O objetivo da mitigação é evitar uma contribuição significativa da atividade humana para o sistema climático, estabilizando os níveis de gases de efeito estufa em um período de tempo suficiente para permitir que os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças climáticas, garantir a segurança na produção de alimentos e possibilitar o desenvolvimento econômico de forma sustentável (Mitigação das Mudanças Climáticas, 2014). Responder às mudanças climáticas é crucial para o futuro do planeta. A complexidade da mudança climática envolve várias dimensões, incluindo ciência, economia, sociedade e política, entre outras. Compreender as diferenças de gênero é fundamental para o desenvolvimento de políticas e ações voltadas à mitigação das mudanças climáticas e à transição para o uso de energia com baixas emissões. As mulheres desempenham um papel importante em atividades que apoiam a mitigação, como a agricultura de pequena escala e a produção de alimentos. Por meio de suas diversas funções como líderes comunitárias, agricultoras, empreendedoras, produtoras e cuidadoras do lar, as mulheres se tornam agentes poderosas de mudança na mitigação das mudanças climáticas.


P


Pegada de Carbono

A pegada de carbono é uma medida utilizada para avaliar o impacto de determinada atividade sobre a mudança climática. Consiste em calcular a quantidade de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono, emitidos por uma atividade específica, como as ações individuais de uma pessoa (como viagens e compras) ou a fabricação e transporte de um produto, ao longo de um período determinado. Como cada gás de efeito estufa possui diferentes níveis de impacto no meio ambiente, eles são convertidos em equivalentes de dióxido de carbono no cálculo da pegada de carbono, o que facilita a comunicação e monitoramento dos impactos.


Plano de Ação Sobre Gênero

O Plano de Ação sobre Gênero, também conhecido como GAP, é um instrumento internacional que busca promover a igualdade de gênero e a participação plena e significativa das mulheres no contexto das mudanças climáticas. Foi estabelecido em 2017, durante a COP 22, como uma extensão do Programa de Trabalho de Lima sobre Gênero, com duração de três anos adicionais. O objetivo principal do Plano é aumentar a participação das mulheres nas ações relacionadas às mudanças climáticas, garantindo sua representação plena e equitativa em todos os processos de tomada de decisão a nível global, regional e nacional. O Plano foi revisado e aprimorado durante a COP25 em 2019. Para obter as últimas atualizações do Plano de Ação sobre Gênero, você pode consultar os documentos disponíveis aqui.


Política Climática

A política climática aborda as ameaças contínuas das mudanças climáticas por meio de instrumentos políticos e busca integrar de forma mais efetiva os objetivos de combate às mudanças climáticas em diferentes áreas de legislação e políticas, como energia, finanças, transporte, construção, agricultura, tecnologia, entre outras. A política climática desempenha um papel importante na responsabilidade social, promovendo práticas ambientalmente conscientes. As políticas de mudança climática são geralmente projetadas para minimizar a extensão das mudanças climáticas ou reduzir os riscos associados, e são implementadas em níveis local, nacional, regional e global (por meio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).


Povos Indígenas

Estima-se que existam mais de 370 milhões de povos indígenas espalhados dentre 70 países ao redor do mundo, praticando tradições únicas e mantendo características sociais, culturais, econômicas e políticas que diferem daquelas presentes nas sociedades dominantes nas quais eles vivem. Eles são os descendentes, de acordo com uma definição comum, daqueles que habitaram um país ou uma região geográfica na época em que pessoas de diferentes culturas ou origens étnicas chegaram. Povos indígenas são frequentemente marginalizados e enfrentam discriminações nos sistemas jurídicos dos países, o que os deixa ainda mais vulneráveis à violência e ao abuso. No entanto, eles têm uma relação especial com a terra na qual têm vivido por gerações, possuindo um conhecimento crucial sobre como gerenciar os recursos naturais de forma sustentável e agindo como guardiões da terra para a próxima geração. Perder sua terra significa perder sua identidade.


Programa de Trabalho em Lima sobre Gênero

O Programa de Trabalho em Lima sobre Gênero foi estabelecido em 2014, e funciona lado a lado com o Plano de Ação de Gênero. É um plano de dois anos de duração para otimizar o equilíbrio de gênero, fomentando conhecimento e capacitação em políticas climáticas responsivas ao gênero. Apesar de que mandatos relacionados ao gênero existem desde 2001, eles eram frequentemente únicos e funcionavam de forma independente. O objetivo do Programa de Trabalho em Lima era melhorar e consolidar todos os mandatos de gênero existentes.


Protocolo de Quioto

Adotado em 1997 na COP23 em Quioto, no Japão, o Protocolo de Quioto operacionaliza a  Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) cobrando países e economias industrializadas a limitar e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEEs). A convenção pede que os países adotem políticas e medidas de mitigação, e que reportem as medidas tomadas. O Protocolo é vinculado a países desenvolvidos e os coloca em um padrão mais elevado devido às suas responsabilidades e respectivas capacidades, já que eles são responsáveis pelos altos níveis atuais de GEEs na atmosfera.


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