Dia 5 da COP25

Estamos se aproximando do fim da primeira semana da COP25 e o quinto dia de COP tem sido - como sempre nesta semana - cheio com eventos paralelos incríveis sobre igualdade de gênero e ação climática, assim como engajamento jovem. As negociações, por outro lado, nem tanto. Há algumas complicações ao redor da linguagem de direitos humanos no Artigo 6 e o Plano de Ação de Gênero aperfeiçoado ainda está sob discussão.

Esta recapitulação está sendo postada mais tarde que o normal porque o EmpoderaClima estava ocupado na Marcha por Justiça Climática, onde marchamos com mais de 500 mil pessoas por igualdade de gênero e justiça. Vamos falar mais sobre isso abaixo.

Pequim +25: Igualdade de Gênero no contexto de Urgência Climática

2020 é um ano cheio de eventos. O ano marca o 25º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, assinada em 1995 na China, e também celebra cinco anos da Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030, dez anos da ONU Mulheres e cinco anos do Acordo de Paris. Considerando o atual estado da emergência climática, é impossível ignorar a correlação entre igualdade de gênero e ação climática.

Este evento no Pavilhão ODS foi organizado pela Organização das Mulheres para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WEDO), assim como pela WECF Internacional, Geração Igualdade e a Rede Africana de Mulheres para o Desenvolvimento e a Comunicação, e incluiu poderosas mulheres que estavam em Pequim em 1995 e puderam testemunhar este momento histórico.

Bridget of WEDO presenting the Beijing Platform for Action

Bridget of WEDO presenting the Beijing Platform for Action

A conversa começou com alguns pensamentos sobre o progresso que fizemos (e o que ainda precisamos trabalhar) desde Pequim em 1995, e como isso tem sido levado adiante sob a UNFCCC.

Logo depois, a discussão trouxe a perspectiva regional de uma mulher indígena e a perspectiva da ONU - pensando sobre como entidades da ONU podem trabalhar para criar sinergias entre esses processos. O UNFCCC, em relação ao seu trabalho com justiça de gênero, tem principalmente feito esforços para integrar igualdade de gênero nas CNDs.

Protesto sentado em silêncio pelo #FridaysforFuture

Foi realizado um protesto sentado pelo Fridays for Future em solidariedade àqueles que não puderam comparecer. Esta é uma mensagem importante e lembra que nós, neste espaço privilegiado, devemos lembrar que aqueles que são vitais na ação climática - ativistas mobilizadores, povos indígenas, pessoas do Sul Global - não puderam estar aqui. Todos temos a responsabilidade de usar nossas plataformas para destacar estes problemas importantes, já que eles estão na linha de frente da ação climática. Hoje na COP também demos as boas-vindas à líder climática Greta Thunberg, depois de velejar pelo Oceano Atlântico mais uma vez para atender ao novo local da COP na Espanha.

Heroínas Globais do Clima

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O Instituto de Impactos Humanos apresentou uma linda exibição hoje que mostra mulheres do Sul Global que são líderes climáticas em suas comunidades. A exibição destaca mulheres poderosas de todos os cantos do mundo em desenvolvimento, como Oladosu Adenike, líder do Fridays for Future na Nigéria, e Drª Maisa Rojas, Diretora do Centro para Pesquisa do Clima e Resiliência na Universidade do Chile.

Cada conto pode ser ouvido escaneando o QR code de cada pôster que redireciona para um link do Soundcloud no celular. Foi uma exibição interativa, inspiradora e muito divertida!

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Os áudios da exibição podem ser encontrados online, com mais informações sobre as líderes incluídas na iniciativa.

Negociações de Gênero

Seguindo as intermináveis discussões do 4º dia da COP25 sobre o GAP e sobre incluir, ou não, a linguagem dos direitos humanos, hoje o foco das negociações do Plano de Ação de Gênero é nas atividades - especificamente sobre a Área de Prioridade A: construção de capacidade, gestão de conhecimento e comunicação; Área de Prioridade B: equilíbrio de gênero, participação e liderança de mulheres; Área de Prioridade C: coerência; Área de Prioridade D: implementação responsável ao gênero e meios de implementação; e, finalmente, Área de Prioridade E: monitoramento e relato. O texto rascunho pode ser lido aqui.

Para contextuar: o Corpo Subsidiário de Implementação (SBI 51) está discutindo o Plano de Ação de Gênero aperfeiçoado e a 51º sessão do SBI está acontecendo do dia 2 a 9 de dezembro de 2019 na Espanha. Gênero e Mudanças Climáticas fazem parte da Agenda item 17 e ainda é um trabalho em desenvolvimento. No momento, os negociadores estão sob consultas informais, facilitadas por Winifred Masiko (Uganda) e Jorge Pinto Antunes (União Europeia). O texto rascunho mais recente foi atualizado neste sábado de manhã (7 de dezembro), que você pode ler aqui.

O que realmente significa Adaptação Responsável ao Gênero? Um debate

No Espaço Hub de Ação da COP25, aconteceu à tarde um evento interessante sobre adaptação responsável ao gênero. O evento foi apresentado pelo Instituto Internacional para Desenvolvimento Sustentável e trouxe dois jovens experts em diferentes tópicos relacionados à adaptação responsável ao gênero para exporem seus argumentos.

O debate focou na seguinte declaração: “Aumentar a participação de mulheres em tomada de decisões é a chave para liberar abordagens responsáveis ao gênero para adaptação. Mas qual é a melhor forma de fazer isso?”, seguido por uma discussão interativa com a plateia. 

Este evento foi bem divertido, fornecendo um ambiente interativo onde a plateia pôde partilhar suas opiniões com todos os atendentes, assim como fazer perguntas aos dois experts. A plateia decide o vencedor baseado no que eles consideram ser os melhores argumentos. Ainda que argumentamos que integrar a igualdade de gênero em todas as áreas da ação climática não está em discussão, este evento foi interessante para destacar a importância das mulheres em estruturas participativas.

Você pode assistir o debate neste link.

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Marcha por Justiça Climática

A marcha tinha que ser um dos maiores destaques da semana! Foi incrível ver o poder coletivo das mulheres e a solidariedade ao demandar justiça climática para todos. Nossa mensagem foi clara: nós não vamos parar até que sejam tomadas ações imediatas para combater a crise climática. Além disso, os direitos humanos devem estar no centro desta ação. Ao fazer isso, era importante falar sobre as injustiças que mulheres e pessoas não-binárias enfrentam em todos os espaços, da ação climática à violência doméstica. Foi um privilégio poder marchar ao lado de outras ecofeministas e assegurar um quadro baseado em direitos em centrado na pessoas para que possamos buscar uma transição justa para todos.

The Women & Gender Constituency organized the ecofeminist movement at the Climate Justice March. One of the signs reads: Feministas contra el cambio climático, in Spanish (Feminists against climate change).

The Women & Gender Constituency organized the ecofeminist movement at the Climate Justice March. One of the signs reads: Feministas contra el cambio climático, in Spanish (Feminists against climate change).

Nossa própria pesquisadora do EmpoderaClima, Shannon Greene, foi entrevistada durante a Marcha por Justiça Climática!

Nossa própria pesquisadora do EmpoderaClima, Shannon Greene, foi entrevistada durante a Marcha por Justiça Climática!

Nota: quando estávamos escrevendo essa recapitulação, um membro da delegação oficial da República Dominicana viu um de nossos adesivos, que diz “Destrua o Patriarcado, Salve o Planeta” e perguntou se o EmpoderaClima é um “daqueles grupos” que acreditam que os homens são culpados de tudo. É sempre interessante ver que mesmo estando na COP25 e fazendo progresso em igualdade de gênero, ainda existe um bom número de diplomatas que não entendem o que é feminismo e sua correlação com a sustentabilidade - especialmente os mais velhos e mais privilegiados. O EmpoderaClima se mantém forte e empoderado nessas situações e esperamos que você continue esmagando o patriarcado por igualdade entre homens e mulheres!

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